Se o gênero está em tudo, e se o mundo é composto da dualidade existente em tudo, então somos nós (principalmente nós) composto dessa dualidade.
Somos (ou fomos?) feito em pares?
O paganismo, é sabido, reconhece o dualismo divino. Reconhece a Deusa e o Deus sem distinção, quanto a importância na construção da humanidade, e da vida em geral. Deusa e Deus se fundem para o equilíbrio espiritual, mental, e humano, principalmente.
Estamos sempre buscando equilíbrio espiritual, e pode ser encontrado no equilíbrio entre esses dois conceitos, e isso é o fundamental.
A questão é: "como encontrar esse equilíbrio?"
Eis que através dos séculos o ser humano que permeia esse planeta, e que se julga na maioria das vezes "único e individual", busca mesmo que secretamente, ou inconscientemente, esse proporção na alma.
Uma das maneiras com a qual tentamos equilibrar nossa essência interior é através da união entre dois corpos. Sinto não me aprofundar aqui do sagrado ato do Hieros Gamos- a união sexual natural entre homem e mulher através do qual cada um se torna espiritualmente íntegro.
O que quero tratar aqui é do simbolismo que o beijo tem, e o que ele representa para algumas sociedades humanas, em questão os Bérberes Senegaleses.
Na Antiguidade, gregos e romanos utilizavam muito o beijo como significado de reconhecimento entre as classes sociais.
Como este poema grego: Ad Lesbian, de Caio Valério Catulo, nascido em Verona no ano de 87 a.C.:
"Da mi basia mille, deinde centum;
Dein mille altera, dein secunda centum.."
"Dá-me mil beijos, em seguida cem,
depois mil outros, depois outros cem..."
Há quem afirme que o beijo é asiático. Veio com os cultos orgiásticos de Vênus. Da Fenícia para Pafos e Citera, e assim a Fenícia espalhara a sua Astarte lunar para as ilhas, Ásia Menor, Mar Negro. O beijo popularizou-se devagar, como cortesia ou homenagem, divulgou-se com a conquista macedônica.
Havia ainda uma segunda utilização do beijo na antiguidade,uma utilização ritualística. Na celebração da Eucaristia, o beijo era entendido como comunhão, uma forma de partilhar a graça do Senhor. Daí o beijo na boca como uma significação de comunhão espiritual.
"Significa, portanto, que as almas unem-se e banem todo o ressentimento :
"Esse beijo une e concilia as almas entre si.[...] "
(Cirilo de Jerusalém, Catequeses mistagógicas, 5.3).
O relato acima demonstra que o beijo possuía para os primeiros cristãos, além do caráter de saudação, um caráter ritual, de comunhão das almas entre elas e com o próprio Espírito Santo e o Verbo divino.
Segundo fontes, a palavra beijo vem do latim, "basiu", e o ato de beijar possui relatos de sua existência desde 2.500 anos a.C., em desenhos nas paredes de templos na Índia. Em diversos países,e com o passar do tempo, o beijo ganhou um significado e valor diferentes. Em cerimônias matrimoniais, na Escócia, por exemplo, era o padre que beijava os noivos, selando os votos de amor eterno entre o casal.
Onde pretendo chegar é, no significado que o beijo, toma para nós na atualidade, e de como ele foi ao longo dos séculos banalizado.
Para os bérberes, um dos povos do atual Senegal, o beijo é uma das maneiras mais belas de demonstração de amor. O ato de unir-se à outro através da junção dos lábios, toma uma função ritualística essencialmente diferente da maneira que o cobiçamos hoje. Inicialmente ele não é distribuído em vão. Em tempo algum, via-se esses povos tradicionais beijando em público, e o maior numero de pessoas, como acontece hoje em dia, em muitas das chamadas "baladas". A intenção não é julgar, ou condenar os que o praticam dessa forma, até mesmo porquê, acredito eu, vivemos esse caos de relações amorosas, porque o ser humano continua ainda hoje, buscando essa outra parte perdida à muito tempo.
O beijo para os senegaleses só é dado quando ambas as partes estão afins, ou seja, unidos por algo além do prazer. O beijo toma então o caráter de compartilhamento de almas. Isso mesmo, troca-se o beijo com a intenção de "manter o outro em si". Dessa forma, o beijo não é distribuído em vão. Não é apenas uma "vontade de beijar alguém". Ele se torna na verdade a maneira mais pura de aprisionamento de sentimento, porque você escolhe quem vai fazer parte de você, dali em diante, e pra quem vai se doar. Quem vai ter o privilégio de ter metade de sua alma consigo.
Assim, a questão acaba sendo: "Vou querer qualquer um dentro de mim?" Ou : "Vou querer me doar para uma pessoa que talvez não valha a pena?" ; "Serei eu tão sem valor assim?"
Essa é a palavra: VALORIZAÇÃO.
Perdemos o amor próprio ao longo do tempo. Nesse período de instantaneidade em que vivemos, buscamos tudo "pra ontem", inclusive o amor. Se pudéssemos, compraríamos "pacotinhos de amor, solúveis na água, que basta levar a panela(coração), e aquecer por três minutos", e PRONTO!!! Está pronto "para o consumo!!"
Ahhhhh, se as coisas fossem fáceis assim!!! Não precisaríamos perder tempo, e sono imaginando se aquela pessoa é ou não "pra vida toda", e se ela (ele) merece nosso precioso beijo!!!
Enfim, a idéia foi lançada. O que não tenho a pretensão, é de que a humanidade a partir de agora mude, e passe a regredir em questões culturais como essa!! Acredito na mudança!! Mas acredito ainda mais na valorização de cada um..
Não podemos nos julgar tão pequenos a ponto de entregarmos o que há de mais valioso em nós , que é a própria pureza, e personalidade. O Espírito que nos torna diferentes uns dos outros!!!
Talvez nem nós mesmos o mereçamos, mas se não zelarmos por nós , quem o fará??! um outro?!
Perca essa ilusão.
"O seu valor será dado por ti mesmo!!!"
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Larioê Ti Mojubá ...
Um comentário:
Arrasou Amada!!!
AXÉ!!
Grande Beijo!
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